Uma análise das assimetrias financeira e monetária à luz das experiências de Brasil e China
Resumo
A análise da assimetria financeira tem origem nos desdobramentos do fim do acordo de Bretton Woods e do maior movimento de capitais entre os países, resultado da globalização financeira. Já a assimetria monetária, decorre da existência da hierarquia de moedas e o presente artigo pretende incluir a análise do processo de internacionalização. O objetivo é contribuir para o debate analisando os impactos dessas assimetrias para os países, utilizando como estudos de caso o Brasil (devido a sua importância na América Latina) e a China (devido a sua relevância no Leste Asiático, além de ser a segunda maior economia mundial). O argumento utilizado é que o Brasil é mais afetado pelas assimetrias devido a forma como se inseriu na globalização financeira e pelo papel que sua moeda exerce no âmbito internacional. Por outro lado, a China, enquanto uma superpotência do Sul Global, foi gradualmente se inserindo na globalização financeira e vem promovendo a expansão do uso de sua moeda internacionalmente, sendo menos afetada pelas assimetrias.
Downloads
Referências
Akyüz, Y. (2011) Capital flows to developing countries in a historical perspective: will the current boom end with a bust? South Centre Research Paper, n. 37, 1-52.
Alves Jr, A. J.; Filho, F. F. & Paula, L. F. (2000) Crise cambial, instabilidade financeira e reforma do Sistema Monetário Internacional: uma abordagem pós-keynesiana. Revista Economia Contemporânea, 4(1), 79-106.
Arantes, F. & Lopreato, F. O. (2017) Novo Consenso em Macroeconomia no Brasil: a política fiscal do Plano Real ao Segundo governo Lula. Revista de Economia Contemporânea, 21(3), p. 1-34, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/198055272131
Banco Central do Brasil. Sistema Gerenciador de Séries Temporais, 2023, disponível em: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries, acesso em 14 de março de 2025.
Bank for International Settlements (2022) Triennial Central Bank Survey: OTC foreign exchange turnover in April 2022, disponível em: https://www.bis.org/statistics/rpfx22_fx.pdf, acesso em 29 de fevereiro de 2024.
Belfrage, C.; Jäger, J. & Kaltenbrunner, A. (2016) Part I: Currency internationalization. Analyzing the Integration of Brazilian Financial Markets, p. 4-60.
Beluzzo, L. G. (1995) O declínio de Bretton Woods e a emergência dos mercados “globalizados”. Economia e Sociedade, 4(1), p. 11-20.
Biancarelli, A. M. (2009) Brazil, developing economies and private international capital flows: the (new) challenges in the post-crisis scenario. Artigo apresentado na 15ª conferência do Research Network Macroeconomics and Macroeconomic Policies (FMM): 'From crisis to growth? The challenge of imbalances, debt, and limited resources', Berlim, disponível em: < https://www.boeckler.de/pdf/v_2011_10_27_biancareli.pdf>, acesso em 18 de março de 2025.
Bonizzi, B. (2017) An Alternative Post-Keynesian Framework for Understanding Capital Flows to Emerging Markets. Journal of Economic Issues, 51(1), p. 137-162. DOI: https://doi.org/10.1080/00213624.2017.1287502
Carneiro, R. (1999) Globalização financeira e inserção periférica. Economia e Sociedade, n. 13, p. 57-92.
Carvalho, F. C. (2008) Financial Liberalization in Brazil and Argentina. In: Arestis, P.; Paula, L. F. (eds). Financial Liberalization and Economic Performance in Emerging Countries, Hampshire, Nova York: Palgrave Macmillan, cap. 6, p. 121-141.
China Construction Bank (2021) 2021 Renminbi Internationalisation Report: RMB pushes forward amid disruptions, disponível em: http://www2.ccb.com/cn/ccbtoday/news/upload/20211022_1634866375/20211022092955802527.pdf, acesso em 13 de março de 2024.
Cintra, M. A. & Pinto, E. (2017) China em transformação: transição e estratégias de desenvolvimento. Revista de Economia Política, 37, 2(147), p. 381-400. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0101-31572017v37n02a07.
Cohen, B. (1998) The Geography of Money. Nova York: Cornell University Press.
Cohen, B. & Benney, T. (2013) What does the international currency system really look like? Review of International Political Economy, 21(5), p. 1017-1041. DOI: 10.1080/09692290.2013.830980.
De Conti, B. (2011) Políticas cambial e monetária: os dilemas enfrentados por países emissores de moedas periféricas. Tese (Doutorado em Economia) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas.
De Conti, B.; Prates, D. & Plihon, D. (2014) A hierarquia monetária e suas implicações para as taxas de câmbio e de juros e a política econômica dos países periféricos. Economia e Sociedade, Campinas, 23(2), p. 341-372.
Freitas, M. C. & Prates, D. (2001) A abertura financeira no governo FHC: impactos e consequências. Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, p. 81-111.
Fritz, B.; Paula; L. F. & Prates, D. (2018) Global currency hierarchy and national policy space: a framework for peripheral economies. European Journal of Economics and Economic Policies: Intervention, 15(2), p. 208–218. DOI: https://doi.org/10.4337/ejeep.2018.02.11.
Fritz, B. et al. (2023) South-South monetary regionalism: a case of productive incoherence? New Political Economy, 28(5), p. 818-831. DOI: 10.1080/13563467.2023.2184471.
He, A. (2015) Domestic sources and RMB internationalization: a unique journey to a major global currency. CIGI Papers, n. 67, disponível em: https://www.cigionline.org/sites/ default/files/cigi_paper_no67.pdf, acesso em 29 de fevereiro de 2014.
Helleiner, E. (1994) States and the Reemergence of Global Finance: From Bretton Woods to the 1990s. Nova York: Cornell University Press.
Helleiner, E. (2008) Political Determinants of International Currencies: What Future for the US Dollar? Review of International Political Economy, 15(3), p. 354-378.
Kaltenbrunner, A. (2011) Currency Internationalisation and Exchange Rate Dynamics in Emerging Markets: A Post Keynesian Analysis of Brazil. Tese (Doutorado em Economia) - School of Oriental and African Studies (SOAS), Universidade de Londres, Londres.
Kaltenbrunner, A. (2015) A post Keynesian framework of exchange rate determination: a Minskyan approach. Journal of Post Keynesian Economics, n. 38, p. 426–448. DOI: https://doi.org/10.1080/01603477.2015.1065678.
Kaltenbrunner, A. & Painceira, J. P. (2017) Subordinated Financial Integration and Financialisation in Emerging Capitalist Economies: The Brazilian Experience. New Political Economy, DOI: 10.1080/13563467.2017.1349089.
Kaltenbrunner, A. et al. (2020) Research Document on the Barriers to an Extension of the SML and Potential Research and Policy Agenda, Leeds University Business School.
Kenen, P. (1983) The Role of the Dollar as an International Currency. Occasional Papers (Group of thirty), n. 13.
Kenen, P. (2009) Currency Internationalization: An Overview. Artigo apresentado no Bank of Korea e BIS Seminar on Currency Internationalization: Lessons from the Global Financial Crisis and Prospects for the Future in Asia and the Pacific, Seul, Coreia do Sul, disponível em: https://www.bis.org/repofficepubl/arpresearch200903.01.pdf, acesso em 27 de fevereiro de 2024.
Kregel, J. (2008) Financial Liberalization and Domestic Policy Space: Theory and Practice with Reference to Latin America. In: Arestis, P.; Paula, L. F. (eds). Financial Liberalization and Economic Performance in Emerging Countries. Hampshire, Nova York: Palgrave Macmillan, cap. 2, p. 9-25.
Krugman, P. (1980) Vehicle Currencies and the Structure of International Exchange. Journal of Money, Credit and Banking, 12(3), p. 513-526,.
Krugman, P. (1984) The International Role of the Dollar: Theory and Prospect. In: Bilson, J. F.; Marston, R. C. (eds). Exchange Rate Theory and Practice. Chicago: University of Chicago Press, cap. 8, p. 261-278.
Lane, P. R. & Milesi-Ferretti, G. M. (2018) The External Wealth of Nations Revisited: International Financial Integration in the Aftermath of the Global Financial Crisis. IMF Economic Review, 66(1), p. 189-222. DOI: 10.1057/s41308-017-0048-y.
Li, Y. (2019) The Impact of the Belt and Road Initiative on RMB Internationalization and Development Strategies for Mutual Benefit. Advances in Economics, Business and Management Research, v. 146, p. 55-58.
Maziad et al. (2011) Internationalization of Emerging Market Currencies: A Balance between Risks and Rewards. IMF Staff Discussion Note.
Milesi-Ferretti, G. M. (2022) The External Wealth of Nations Database. The Brookings Institution.
Noije, P. V. & De Conti, B. (2016) A vulnerabilidade externa decorrente da Posição Internacional de Investimentos e do fluxo de rendas da economia brasileira no período 2001-2010. Revista Nova Economia, 26(1), p. 207-239. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0103-6351/2151.
Ocampo, J. A. (2001) International asymmetries and the design of the international financial system. CEPAL. Temas de coyuntura, n. 15.
ONU (2004) Forging a Global South. United Nations Day for South-South Cooperation, United Nations Development Programme.
Orsi, B. (2019) Currency Internationalisation and Currency Hierarchy in Emerging Economies: The Role of the Brazilian Real. Tese (Doutorado em Economia) – Departamento de Economia, Universidade de Leeds, Leeds.
Paula, L. F.; Fritz, B. & Prates, D. (2017) Keynes at the periphery: Currency hierarchy and challenges for economic policy in emerging economies. Journal of Post Keynesian Economics, 40(2), p. 183-202. DOI: 10.1080/01603477.2016.1252267.
Paula, L. F. & Pires, M. (2017) Crise e perspectivas para a economia brasileira. Estudos Avançados, 31(89), p. 122-144. DOI: 10.1590/s0103-40142017.31890013.
Paula, L. F.; Leal, J. & Ferreira, M. (2024) Financial subordination of peripheral emerging economies: a Keynesian–Structuralist approach, Review of Keynesian Economics, 12(1), p. 94–117. DOI: https://doi.org/10.4337/roke.2024.01.05.
Prasad, E. (2016) China’s effort to expand the international use of the renminbi. Relatório preparado para a U.S. China Economic and Security Review Commission.
Prates, D. (2002) Crises financeiras dos países “emergentes”: uma interpretação heterodoxa. Tese (Doutorado em Economia) – Instituto de Economia, Unicamp, Campinas.
Prates, D. M. (2005) As Assimetrias do Sistema Monetário e Financeiro Internacional. Revista Economia Contemporânea, 9(2), p. 263-288.
Prates, D. M.; Fritz, B. & Paula, L. F. (2023) Frontier-market economies as a new group of the financial periphery: patterns and transmission channels of global shocks. European Journal of Economics and Economic Policies: Intervention, 20(2), p. 282–298. DOI: 10.4337/ejeep.2023.0106.
Rey, H. (2001) International Trade and Currency Exchange. The Review of Economic Studies, 68(2), p. 443-464.
State Administration of Foreign Exchange (SAFE). Disponível em: https://www.safe.gov.cn/en/2018/0928/1459.html , acesso em 03 de julho de 2024.
Shi, Y. (2023) Is China financialised? The significance of two historic transformations of Chinese finance. New Political Economy, p. 1-16. DOI: https://doi.org/10.1080/13563467.2023.2253158.
Strange, S. (1971) The Politics of International Currencies. World Politics, 23(2), p. 215-231.
Torres Filho, E. & Pose, M. (2018) A internacionalização da moeda chinesa: disputa hegemônica ou estratégia defensiva? Revista de Economia Contemporânea, 22(1), p. 1-23, janeiro-abril. DOI: 10.1590/198055272215.
Xie, F.; Kuang, X. & Li, Z. (2022) Financialisation of developing and emerging economies and China’s experience: how China resists financialization. Cambridge Journal of Economics, p.1-22. DOI: https://doi.org/10.1093/cje/beac037.
Copyright (c) 2025 Júlia Teixeira Leal

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).